06 junho 2017


O despertador tocou, fazendo-me acordar do meu belo sono, então abri os olhos ainda com preguiça, mas mesmo assim me levantei. Sem um pingo de coragem fui me arrastando até o banheiro e fiz minhas necessidades, para logo depois seguir para a cozinha e começar a preparar meu café da manhã.
— Caiu da cama? — vir-me-ei em um pulo, fazendo Justin rir, então coloquei a mão no coração e respirei fundo tentando me acalmar.
— Eu já disse, não faça isso — soltei o ar dos pulmões — Tenho uma entrevista de emprego hoje — disse começando a preparar uma salada de frutas.
— Cedo assim? — perguntou e eu o senti atrás de mim, então meu coração acelerou e vi seu braço passar por mim, indo ate o armário e abrir a portinha, tirando um prato de lá.
— É longe e eu preciso descobrir como chegar lá — ele passou, indo pegar um pão.
— Você não perguntou o endereço? — ele me olhou e eu ri, encarando-o.
— Claro que eu perguntei, estou dizendo que não sei qual ônibus passa aqui que vai para lá.
— Ah, e por que não vai de carro? — ele arqueou a sobrancelha e eu respirei fundo para não ser ignorante.
— Porque eu não tenho um — disse sem olhá-lo.
— Tem sim, futura senhora Bieber — ele riu e eu revirei os olhos.
— São seus carros, senhor Bieber — eu disse, fazendo-o revirar os olhos  
— Pode usar, não a Ferrari, nunca vi você dirigindo, mas a range é toda sua — olhei-o, desconfiada, fazendo-o rir — Qual a empresa?
— Uma loja de roupas chamada Hermosa — suspirei, não era uma das melhores, mas era o que eu tinha conseguido.
— Sério? — ele me olhou com tédio — Consigo uma empresa melhor, só não digo que consigo uma para você porque não tenho dinheiro no momento.
— Obrigada, mas quero começar sozinha — dei um sorrisinho para ele que logo assentiu.
          [...]
Justin já tinha ido trabalhar à uma hora. Eu terminava de me vestir, estava com uma calça jeans clara que possuía os joelhos rasgados, coloquei uma regata preta com um blazer branco por cima e um scarpin bege.
Terminei minha maquiagem e penteei meu cabelo, então peguei minha bolsa da Louis Vuitton que tinha a logo na estampa e coloquei algumas coisas que iria precisar. Antes de sair, peguei meus óculos escuros. Justin tinha me dado semana passada uma cópia da chave, o que me fez ficar um bom tempo trancada nesse apartamento.
Parei o carro no estacionamento da loja e saí do mesmo com a bolsa em uma mão e a chave na outra. Travei o carro e segui para dentro da loja, colocando os óculos escuros preso em meu cabelo e entrei na loja. Vi uma moça no caixa, parecia que lia uma revista, então segui até ela e sorri.
— Bom dia — disse, chamando sua atenção, ela desviou seu olhar e me olhou com cara de tédio — Tenho uma reunião com a senhorita Garcia.
— Só um momento — disse, virando-se e eu notei que a loja estava vazia, pensando se era sempre assim — Pode subir aquela escada — ela apontou para uma escada preta no final da loja.
— Obrigada — disse e segui até a escada, subindo por ela em seguida, onde a mesma terminava em um escritório —Com licença — falei e a moça se levantou.
— Chloe Miller, certo? — ela perguntou e eu assenti — Pode se sentar — sentei-me na poltrona e ela se sentou também — Bom, de acordo com seu currículo, você terminou a faculdade agora em junho.   
— Isso mesmo, durante o curso tentei me aprofundar em diversas áreas de administração com outros cursos — eu tentava soar o mais profissional possível, para não demonstrar meu nervosismo.
— É, eu vi, esse será seu primeiro emprego? — ela perguntou juntando suas mãos em cima da mesa.
— Sim — senti minhas mãos suarem, pelo seu tom não parecia que vinha boas noticias.  
— Quando pode começar? — perguntou e eu sorri animada.
— Amanhã — ela sorriu sem mostrar os dentes.
— A loja abre às 8 horas, temos um uniforme padrão para todas as vendedoras — eu assentia até ouvir a palavra vendedora.
— Como? — perguntei, balançando a cabeça, assustada.
— Vendedora, vender as roupas, sabe fazer isso, certo? — ela perguntou, um pouco debochada.
— Claro, mas não foi para isso que me candidatei — disse, ainda sem entender seu jeito.
— E para o que você se candidatou? — ela perguntou sorrindo, um sorriso um tanto maligno.
— Ser administradora — mal terminei a frase e a mulher à minha frente começou a rir.
— Você está se achando muito, querida. Mal terminou a faculdade e já quer ser alguém? Precisa fazer muito para ser ter essa colocação. Pobre coitada.
— Eu, coitada? Não, você quem é. Tem uma loja de bosta que ninguém vem comprar nada aqui. Deve ser pelas péssimas roupas — disse, me levantando.
— Você nunca vai ser nada, já quer começar no topo. Não se preocupe senhora Miller, faço questão de acabar com sua carreira que nem começou.
— Veremos quem vai acabar com a carreira primeiro — disse, sentindo um ódio que nunca senti na vida.
— Que medo que eu sinto de uma pirralha — sorriu debochada.
— Está vendo isso? — disse apontando para o meu dedo — Isso vai acabar com você, querida — disse debochada.
— Uma aliança, nem diamante deve ser — falou, saindo de trás da sua mesa.
— Fique de olho nos jornais — peguei minha bolsa e sai dali antes que alguém começasse uma briga.   
Praticamente corri para fora da loja. Entrei no carro e apertei o volante na tentativa de me livrar dessa raiva. Liguei o veículo tirando ele dali. As lágrimas desciam pelo meu rosto e eu me segurava para não chorar.
Parei em um sinal e olhei ao lado vendo uma empresa com o nome Construtora J. Bieber. Assim que o sinal abriu fui para a outra mão e entrei no estacionamento subterrâneo da empresa. Parei o carro em uma vaga e vi a ferrari preta de Justin na qual havia uma placa com seu nome.
Caminhei até o elevador e vi que a administração ficava no 6º andar. O elevador abriu as portas e eu apertei o 6 º andar, antes de me virar, olhando-me no espelho, minha maquiagem estava toda borrada portanto tentei limpar. Coloquei meus óculos escuros e a porta do elevador se abriu. Sai do mesmo e parei na primeira mesa que eu vi.
— Bom dia — disse uma loira, então sorri para ela — Em que posso ajudá-la?  
— O Justin está? — perguntei e ela me olhou um pouco confusa.
— O senhor Bieber?   
— Deve ser esse aí — disse rindo fraco, ela riu e assentiu.
— Sim, está na sala dele. Você é?
— Chloe — disse e outra voz ecoou.
— Chloe? — vir-me-ei, vendo Justin e dei um pequeno sorriso — O que faz aqui? — ele me olhou preocupado, caminhando rapidamente até mim.
— Queria saber onde meu noivo trabalha — disse, tentando não soar mentirosa.
— Vem — ele me puxou — Diana, não deixe ninguém entrar na minha sala.
Ele me levou até uma porta marrom com seu nome, abrindo-a e me deixando entrar, antes de fazer o mesmo. Caminhei até ficar de frente para sua mesa, tirei meus óculos e senti sua mão em meu ombro.
— O que foi? — vir-me-ei para ele e o mesmo me olhou ainda mais preocupado — Você não deveria estar na sua entrevista?   
— Estou voltando de lá — disse com a voz embargada pelo choro preso.
— Me conta — ele me abraçou e eu o apertei deixando as lágrimas descerem.
— Ela disse que eu nunca ia ser ninguém. Que eu tinha que ser uma vendedora, não merecia ser administradora e que ela iria acabar com a minha carreira. Foi tão horrível — disse apertando-me a ele.   
— Calma, você vai ter um carreira, não precisa chorar. Vem cá, sente-se — ele puxou a poltrona e eu me sentei — Vou resolver isso, ok? — perguntou, acariciando minha coxa por cima da calça, em uma tentativa falha de me acalmar.
Ele saiu da sala e logo voltou, pegando seu celular em cima da mesa. Estava abraçada ao meu próprio corpo olhando para a janela.  A moça, que estava na mesa lá de fora, apareceu com um copo d’água e me entregou. Entre soluções tomei toda a água, Justin falava com alguém no celular.  Encostei-me na poltrona e tentei me acalmar.   
— Pronto, resolvi tudo. Está mais calma? — ele se ajoelhou e eu neguei.
— Nunca ninguém disse tais coisas para mim, foi tão horrível — disse, voltando a chorar, ele me abraçou e de algum jeito eu acabei sentada em seu colo.
— Precisa aprender a se impor e não deixar os outros acabarem com você — ele falou calmo e acariciando meu cabelo. Sentia-me uma criança chorando no colo dos meus pais.  
— Eu tentei — disse baixinho — E-eu... Eu só quero esquecer isso — ele me apertou em seus braços e eu correspondi apertando seu corpo, o que fez ser inevitável não sentir seu cheiro marcante.

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